Fazenda investe no plantio do dendê

Propriedade tem viveiros, laboratórios, agroindústrias.
Dendê serve para produção de vários tipos de óleo.
 O dendê, mais conhecido pelo seu uso como tempero na culinária baiana, é uma palmeira que na realidade serve para a produção de vários tipos de óleo. O Globo Rural visitou uma grande fazenda de dendê na Amazônia. Com plantações que ocupam milhares de hectares, a propriedade tem viveiros, laboratórios, agroindústria e montou até uma integração com pequenos produtores da região.
 O azeite de dendê está presente em vários pratos da cozinha brasileira. É o caso da moqueca de peixe, típica do Nordeste, do famoso acarajé da Bahia, que é frito no azeite de dendê, do vatapá, do bobó do camarão.
 Além do azeite, usado na cozinha, os frutos do dendê também rendem vários outros tipos de óleos e gorduras vegetais. São ingredientes que entram na fabricação de produtos da indústria de alimentos e cosméticos.
 O óleo dendê está na receita de cremes, hidratantes, sabonetes; na fabricação de bolo, massa, sorvete, margarina; e é também a base pra produção biodiesel de dendê - um combustível vegetal que entra numa mistura com óleo diesel.
 O ingrediente usado em tantos produtos é extraído dos frutos de uma palmeira: o dendezeiro também é conhecido como palma, ou palma de óleo. Uma espécie tão comum em certas partes do Brasil, que nem parece que ela não é nativa daqui.
 O agrônomo Alessandro Carioca, da Embrapa Amazônia Oriental, estuda o cultivo do dendezeiro, no município de Moju, no Pará. Ele explica que a palmeira é originária da costa oeste da África e que foi trazida ao Brasil no período colonial. Como gosta de calor e umidade, logo se espalhou por sítios e fazendas - principalmente do litoral do Nordeste e da Amazônia.
 “O dendê tem uma copa com, em média, cinquenta folhas. Em uma floresta densa na África ele pode atingir até 30 metros de altura. O cacho de fruto maduro vai pesar, em média, até 25 quilos”, explica o agrônomo.
 No Brasil, o maior produtor de dendê é o Pará. Com 170 mil hectares plantados, o estado responde por 83% da safra nacional. 
 O Globo Rural visitou uma fazenda que fica na divisa dos municípios de Tailândia, Tomé-Açu, Moju e Acará. Ela está entre as pioneiras na Amazônia. A Agropalma planta dendê desde os anos 80 e hoje é a maior produtora desse óleo no Brasil.
 O agrônomo Tulio Dias Brito conta que a empresa cultiva 39 mil hectares de dendê, tem quatro indústrias, escritórios, galpões e nada menos do que 1.600 quilômetros de estradas internas.
 Pra cumprir a legislação ambiental, os dendezais são permeados por grandes áreas de floresta. Ao todo, a propriedade mantém 64 mil hectares de matas próprias - somando reserva legal e áreas de preservação permanente. “Temos aproximadamente 5.200 funcionários – 3.500 na área agrícola. Funcionamos como uma pequena cidade. Temos quatro vilas espalhadas pela plantação e para fornecer os serviços básicos que a população precisa, a gente tem também um ambulatório médico, uma escola e uma academia”, conta Tulio.
 Com essa estrutura, a fazenda abriga todas as etapas de produção. Todo o trabalho começa com a produção das mudas de dendê. A capacidade de produção é de 180 mil mudas por ano no viveiro.
 O técnico agrícola Carlos Alberto Carvalho explica que tudo funciona. Pra fazer as mudas, cada saquinho, com terra e matéria orgânica, recebe uma semente germinada. Com água e adubação na medida, as plantas crescem rapidamente. Com um ano, a palmeirinha está pronta pro plantio no campo.
 O espaçamento adotado no cultivo é de oito metros entre linhas e nove metros entre plantas.
Por ser rústico, o dendezeiro não exige grandes cuidados. Mas, como em qualquer monocultura, o controle de pragas é um desafio.
 “Com certeza é um desafio muito grande. Quando a praga sai de um ambiente de floresta, que é diversificado, e encontra um mar de palmeiras, ela vai se multiplicar numa facilidade maior”, explica o agrônomo Ricardo Salles Tinoco.
 Ele fala sobre algumas das pragas que tiram o sono dos produtores. A lagarta verde, a opsiphanes, é uma devoradora de folhas. Outra, a broca da coroa, é a forma jovem de uma borboleta. “É uma lagarta difícil de controlar porque na maior parte do seu ciclo de vida ela está dentro do caule, dentro do tronco da palmeira.”
 O besouro preto se chama broca do olho do dendê. As larvas dele cavam galerias e transmitem um nematóide. E como combater tantos insetos? Para enfrentar as pragas do cultivo, a fazenda não utiliza inseticida ou venenos convencionais. Todo o controle é feito com manejo, produtos biológicos e armadilhas.
 A fazenda, em alguns casos, pulveriza defensivos biológicos no dendezal. O produto é feito com uma bactéria, que só ataca certos tipos de lagarta. “Os resultados são satisfatórios. A gente consegue com esse tipo de controle uma sustentabilidade dentro do plantio e mantém um equilíbrio entre praga e os insetos benéficos, como a gente chama. Qualquer química que você use vai quebrar esse equilíbrio”, fala Ricardo Tinoco.
 Entre os insetos benéficos estão os inimigos naturais, que se alimentam das pragas e também os polinizadores do dendê, como o besouro miúdo. Ele pousa na flor masculina da palmeira, que contém o pólen. E depois voa até as flores femininas de outro dendezeiro. Indo e vindo, o inseto contribui pra chamada polinização cruzada, que vai gerar os frutos do dendê.

 
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